O mundo comemora nesta quinta-feira, 19,
o Dia Global do Empreendedorismo Feminino. A data, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em
2014, celebra a mulher empreendedora e o seu impacto na economia. Em um ano como 2020, em
que a crise afetou particularmente seus negócios, as empreendedoras
precisam mais do que nunca serem celebradas.
Com o isolamento social, as mulheres
receberam uma carga de trabalho extra. Dentro de casa, muitas precisaram
equilibrar a educação dos filhos, a alimentação da família, a limpeza doméstica
e o seu próprio trabalho remunerado ou negócio. Pesquisa feita pela Rede Mulher
Empreendedora (RME) mostra que 20% das entrevistadas disseram que a dificuldade
de gerir o tempo gasto com o trabalho e com a família se agravou na pandemia,
contra 11% dos homens.
E quem pensa que o modo
como a sociedade divide o trabalho doméstico entre os gêneros impacta apenas o
universo familiar está enganado. O Fundo Monetário Internacional estima que o produto interno bruto
global cresceria pelo menos 4% se o trabalho não remunerado fosse mais bem
distribuído.
No
mundo dos negócios, as mulheres também sofreram mai, estão com o faturamento ligeiramente pior e
conseguiram menos crédito no mercado.
Ainda assim, as empreendedoras inovaram
mais que seus pares. Segundo o Sebrae, 71% das mulheres usam redes sociais,
aplicativos e a internet para vender seus produtos e serviços. Em
contrapartida, só 63% dos homens usam essas ferramentas. “Empreendedoras são
criativas, inovadoras e não têm medo das crises”, diz Ana Fontes, presidente da RME.
Há cerca de 24 milhões de mulheres empreendendo
no Brasil, contra 28 milhões de homens, segundo dados do Global
Entrepreneurship Monitor. No país, 44% delas empreende por necessidade ou
escassez de emprego, contra 32% dos homens. Isso diz muito sobre o tipo de
negócio que elas constroem. Em áreas como tecnologia e inovação, é mais difícil
encontrar empreendedoras. Mapeamento da Associação Brasileira de Startups
mostra que 84% dos donos de startups são homens.
Algumas
iniciativas tentam reverter o quadro e dar suporte para as mulheres que
empreendem. Uma delas é o fundo de investimento WE Venture, da Microsoft, que
só aporta capital em negócios com pelo menos uma fundadora mulher, com 20% de
participação societária e cargo de diretoria. O movimento tem atraído outras
empresas. No começo de novembro, a Multilaser anunciou investimento de 10 milhões de reais no fundo.
Para
discutir essa e outras questões referentes ao empreendedorismo feminino no
Brasil, o Sebrae realiza uma série de debates ao longo do dia com um grupo de
empreendedoras brasileiras, como Luiza Trajano, do Magazine Luiza; Tânia
Cosentino, presidente da Microsoft Brasil; e Mônica Souza, diretora da Maurício
de Sousa Produções.